Tratamento de Endometriose.

A Endometriose é uma doença silenciosa, cujo diagnóstico tardio prejudica, severamente, a qualidade de vida da mulher, além de provocar a infertilidade. Não existe, ainda, cura para a doença, mas o tratamento clínico medicamentoso, após diagnóstico preciso, ajuda a controlar a sua evolução.

A Dra. Rogéria estuda profundamente essa doença há mais de 25 anos. Realizou pesquisa científica em Mestrado sobre o Óxido Nítrico presente em processos inflamatórios e participação na doença. Comprovou a importância da inflamação na expressão clínica da doença.

Convidamos você a conhecer os principais detalhes sobre a doença, baseada em literaturas científicas e na experiência profissional da Dra Rogéria no trato da doença.

Como ocorre a Endometriose?

A Endometriose representa um dos mais frequentes distúrbios ginecológicos da atualidade. Está presente em 10% da população geral e, em 50%, dos casos de pacientes portadoras de infertilidade e de dor pélvica crônica.

Em 1927, Sampson descreveu a teoria do refluxo menstrual para explicar a doença. Segunda a Teoria, o sangue menstrual (com tecido endometrial) passaria através das tubas uterinas, alcançando a pelve e o abdômen e, se implantando no peritônio. Este tecido é sensível e responde à ação hormonal (principalmente aos estrógenos). Todas as situações nas quais a mulher está mais exposta à ação estrogênica, sem a proteção exercida pela progesterona, aumenta a possibilidade de desenvolver a endometriose. Quis seriam as ditas situações: a nuliparidade (mulheres que não tiveram filhos); a menarca (primeira menstruação) precoce; a menopausa (última menstruação) tardia; e, a demora para ter a primeira gestação.  

Na Teoria, a Endometriose também parece ter relação com a hereditariedade (é 7 vezes mais comum em filhas de mulheres que tiveram endometriose)  e por afetar mais as mulheres da raça branca, as magras, as tabagistas e com as que adiam a gravidez.

Os estudos sobre a endometriose avançam cada vez mais. Em 1997, na Bélgica, Nisole e Donnez, uns dos maiores especialistas em endometriose no mundo, classificaram a doença quanto à sua localização (peritoneal, ovariana e do septo reto vaginal). Há também classificações em estágios e graus, segundo a American Fertility Society, estabelecidas em 1985 e modificadas em 1997. Por ser uma doença de etiopatogenia multifatorial, considerada atualmente como auto – imune, as causas, tratamentos, evolução e perfis das pacientes com Endometriose permanecem em constante pesquisa e exigem a realização de mais estudos científicos.

A chave do bom tratamento é a individualização de cada paciente, de acordo com a gravidade de cada caso e com o desejo, ou não, de maternidade futura da paciente. 

Os principais sintomas da Endometriose são:

A Dismenorréia (cólica menstrual) – É um sintoma bastante comum nas pacientes com a doença, principalmente em estágios mais avançados. Nesse caso, o tratamento se faz pelo uso de medicamentos analgésicos potentes, por via oral ou intravenoso.

A Dispareunia (dor na relação sexual) – Está presente em estágios avançados da doença. Acentua-se próximo ao período menstrual e leva o médico a suspeitar de Endometriose de Septo Reto – vaginal ou Endometriose Profunda.  

Dor pélvica crônica – Se manifesta por diversas formas: constipação intestinal; dor durante a ovulação; inchaço pré-menstrual; dor pélvica ou abdominal no período noturno; dor lombar; e, sangramento retal durante a menstruação. 

As queixas de dor ao urinar, no período menstrual e a diminuição da capacidade da bexiga, em armazenar a urina, estão relacionadas à Endometriose de bexiga que, em casos mais graves, pode acometer o ureter e causar hidronefrose (dilatação do sistema urinário), impedindo a passagem da urina, do rim até a bexiga.

Como a endometriose pode causar a infertilidade feminina?

Pela distorção da anatomia da pelve provocada por aderências entre os órgãos, motivado pela inflamação generalizada que a doença causa. 

Pela obstrução das trompas, impedindo a fecundação, assim como a formação dos endometriomas ovarianos (cistos achocolatados de ovário). Isso interfere na qualidade dos óvulos e da ovulação. O processo inflamatório da doença provoca no fluido peritoneal alterações que interferem no processo de fertilização natural (impedindo o espermatozoide de fertilizar o óvulo).

Pela ocorrência de níveis hormonais alterados (ciclos anovulatórios), provindos do mau funcionamento dos ovários, interferindo na ovulação, na implantação do embrião na cavidade uterina, na manutenção da gravidez em seu período inicial, e, consequentemente, na fertilidade. 

Nas pacientes portadoras de adenomiose uterina, nos casos em que há grande comprometimento da parede uterina ou a parede posterior do útero, pode haver, como consequência, a dificuldade de implantação do embrião ou a ameaça de abortamento, devido ao processo inflamatório uterino local.

 

Diagnóstico

O médico especialista, realizando uma  anamnese  guiada, juntamente com o  exame físico e de Ultrassonografia transvaginal, terá melhores condições de identificar   as  lesões de Endometriose profunda e os endometriomas ovarianos. 

Através de exames de sangue, pode-se dosar o CA 125 e outros marcadores da doença.

A Ressonância Magnética da pelve é recomendada para realizar o estadiamento da Endometriose profunda, o que facilita a ação do cirurgião na programação da abordagem cirúrgica, principalmente, quando acomete nervos profundos da pelve.

A Laparoscopia, atualmente, é o método de escolha para o tratamento cirúrgico da doença, permitindo a excisão dos focos peritoneais e a exérese dos focos profundos, inclusive da endometriose do diafragma e de endometriose intestinal.

 Tratamento

O tratamento da Endometriose pode ser clínico, cirúrgico ou combinado, de acordo a situação de cada paciente. Cada paciente é diferente de outra.

Nos casos de Endometriose associada à Infertilidade e, em pacientes nas quais a dor é o principal sintoma, o tratamento é cirúrgico. Isso permite ao médico especialista avaliar o sistema reprodutivo da mulher de forma eficaz, retirar todas as áreas comprometidas, restaurando a anatomia e orientar a melhor conduta para a gravidez, se for o caso. 

O tratamento medicamentoso da doença é realizado pelo bloqueio da menstruação nas pacientes que não queiram engravidar. As medicações hormonais efetivas no tratamento da endometriose são os contraceptivos hormonais orais de uso contínuo, o uso de progestagênios orais (o mais usado atualmente é o dienogeste ), o uso do  DIU de Mirena ®(dispositivo intra-uterino com levanorgestrel), os injetáveis, que são os agonistas ou análogos do GnRh – medicamentos injetáveis (Zoladex®, Lupron®,) e a progesterona injetável.